Motor em V, W e outros: saiba mais sobre os tipos de motores de carro
Foto: Reprodução / Ferrari

Quando se fala em motorização, muitos pensam imediatamente em números de potência, torque ou aceleração de 0 a 100 km/h. Mas há algo ainda mais estrutural e determinante: a arquitetura do motor, especialmente a disposição dos cilindros.

Os motores em linha, em V, W e boxer representam escolhas distintas de engenharia. Mais que variações estéticas ou modismos, são respostas técnicas a desafios de desempenho, distribuição de peso, resfriamento, montagem e até mesmo som. Cada configuração possui origens históricas específicas, vantagens práticas e é adotada estrategicamente por determinadas marcas ou categorias de veículos.

Neste artigo da PDKMotors, vamos explorar esses diferentes tipos de motores, destacando como eles moldam a experiência de condução, além de citar exemplos notáveis e o impacto real que essa engenharia tem no universo dos carros premium e superesportivos. Acompanhe!

 

A base da classificação: como os cilindros se posicionam

Em qualquer motor a combustão, os pistões se movem dentro de cilindros. A forma como esses cilindros estão dispostos em relação ao virabrequim é o que define a sua arquitetura.

Essa distribuição influencia diretamente fatores como:

  • o equilíbrio do motor;

  • o centro de gravidade do veículo;

  • o espaço ocupado no cofre do motor;

  • a suavidade de funcionamento;

  • a complexidade mecânica;

  • e até o som emitido.

A escolha por um motor em linha, V, W ou boxer é como uma declaração de intenções da montadora sobre o que aquele carro deve entregar ao condutor.

 

Motores em linha: tradição, eficiência e precisão

Também chamado de motor vertical, o motor em linha é um dos mais antigos da indústria automotiva.

Ele dispõe os cilindros em uma única fileira, geralmente vertical, e todos eles atuam sobre um único virabrequim em sequência. Essa configuração oferece simplicidade construtiva, ótimo aproveitamento de espaço longitudinal e manutenção mais acessível.

Historicamente, motores em linha dominaram os segmentos de entrada e intermediários, mas isso não significa limitação técnica. Muito pelo contrário: alguns dos motores mais refinados do mundo seguem essa arquitetura.

Engenharia e aplicação

Um motor em linha tende a ser mais longo do que largo, o que o torna ideal para cofre de motor estreito, como em carros com tração traseira e capô mais alongado. 

Porém, motores com mais de quatro cilindros em linha podem apresentar problemas de vibração ou dificuldades de refrigeração, exigindo soluções sofisticadas de balanceamento e arrefecimento.

A BMW, por exemplo, é uma referência global em motores 6 cilindros em linha. O B58, que equipa versões esportivas do Série 3 e o Z4, é aclamado por seu equilíbrio entre suavidade, potência e som encorpado.

Modelos notáveis com motor em linha

  • BMW M240i xDrive – Motor 3.0 I6 turbo (B58)

  • Toyota Supra GR – Motor 3.0 I6 turbo

  • Volvo XC60 T5 – Motor 4 cilindros em linha

  • Porsche 944 – Motor 4 cilindros em linha, clássico dos anos 1980

Motores em V: equilíbrio entre potência e compacidade

A configuração em V resolve um problema clássico: como acomodar mais cilindros sem tornar o motor excessivamente longo. 

Os cilindros são divididos em dois blocos, inclinados entre si (com ângulos variando de 60° a 90°, dependendo da aplicação), formando a letra V quando vistos de frente.

Isso reduz o comprimento do bloco e permite alocar motores mais potentes em espaços menores, o que explica sua ampla adoção em superesportivos, SUVs e sedãs de alta performance.

Sofisticação técnica

Motores em V geralmente exigem dois cabeçotes e duas bancadas de válvulas, o que aumenta a complexidade e o custo de fabricação. Porém, permitem maiores deslocamentos e uma entrega de torque mais bruta em rotações mais baixas, característica valorizada em motores V8, V10 e V12.

Além disso, o som inconfundível de um motor em V, seja um grave V8 americano ou um grito agudo de um V10 italiano, é parte da alma desses propulsores.

Modelos emblemáticos com motor em V

  • Ferrari 812 Superfast – V12 aspirado de 6.5L

  • Lamborghini Huracán – V10 5.2L aspirado

  • Mercedes-AMG GT – V8 4.0L biturbo

  • Cadillac CT5-V Blackwing – V8 6.2L com supercharger

Motores em W: potência máxima em formato compacto

A arquitetura W é relativamente recente. Desenvolvida pelo Grupo Volkswagen no final dos anos 1990, ela combina duas configurações em V compactadas em um bloco único, formando uma espécie de “duplo V”. Ou seja, três fileiras de cilindros sobre um mesmo virabrequim.

Seu maior benefício é a alta densidade de cilindros em um espaço reduzido, permitindo a criação de motores W12 ou W16 incrivelmente potentes em dimensões menores do que um V12 tradicional.

Complexidade elevada, desempenho absurdo

Motores em W são raros por uma razão simples: exigem engenharia de altíssimo nível. A refrigeração, lubrificação e balanceamento são desafiadores, e os custos de produção são astronômicos.

Não por acaso, essa arquitetura é reservada para poucos modelos extremamente exclusivos e limitados em produção.

Ícones com motor em W

  • Bugatti Veyron / Chiron – W16 quadriturbo, mais de 1500 cv

  • Bentley Continental GT – W12 biturbo (exceto os exemplares mais recentes)

  • Audi A8 W12 – um dos poucos sedãs com essa motorização

Motores boxer: centro de gravidade baixo e estabilidade máxima

Na configuração boxer, os cilindros são dispostos horizontalmente e opostos entre si. Cada par de pistões se move de forma simultânea e contrária, como socos em um ringue. Daí o nome “boxer”.

Essa disposição reduz drasticamente a altura do motor, o que rebaixa o centro de gravidade do veículo. O resultado é maior estabilidade em curvas, melhor distribuição de massa e comportamento dinâmico mais esportivo.

Características marcantes

Motores boxer têm funcionamento suave, porém são largos e exigem mais espaço lateral. Isso os torna menos comuns em carros com tração dianteira. Por outro lado, são ideais para carros esportivos com motor traseiro ou central-traseiro.

Além disso, essa configuração favorece o uso de motores aspirados de alta rotação, exatamente o perfil que define boa parte dos Porsches clássicos.

Modelos lendários com motor boxer

  • Porsche 911 (todas as gerações) – Boxer de 6 cilindros

  • Porsche Cayman e Boxster – Boxer 4 e 6 cilindros

  • Subaru WRX STI – Boxer turbo com tração integral

  • Porsche 356 (1948) – o primeiro esportivo da marca, já com motor boxer

A escolha da arquitetura como assinatura de marca

Ao longo da história, cada montadora consagrou suas preferências. A Ferrari investiu pesadamente nos motores V12 como símbolo de grandiosidade. A Porsche eternizou o boxer como um manifesto técnico. A Bugatti, com o W16, foi além de qualquer paradigma. E a BMW segue refinando seus I6 como um hino à suavidade.

A arquitetura do motor, portanto, não é só técnica: é também identidade, legado, filosofia.

 

Conclusão

A distribuição dos cilindros é a espinha dorsal de um projeto automotivo. Vai muito além da potência ou do consumo: define o caráter do carro, sua condução, o espaço interno, o som, entre vários outros aspectos.

Motores em linha entregam simplicidade e eficiência. Os em V trazem brutalidade e som visceral. Os motores em W são exemplos extremos de engenharia, enquanto os boxers equilibram tudo com precisão e estabilidade.

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