Motor em V, W e outros: saiba mais sobre os tipos de motores de carro
Publicado em: 25-09-2025

Quando se fala em motorização, muitos pensam imediatamente em números de potência, torque ou aceleração de 0 a 100 km/h. Mas há algo ainda mais estrutural e determinante: a arquitetura do motor, especialmente a disposição dos cilindros.
Os motores em linha, em V, W e boxer representam escolhas distintas de engenharia. Mais que variações estéticas ou modismos, são respostas técnicas a desafios de desempenho, distribuição de peso, resfriamento, montagem e até mesmo som. Cada configuração possui origens históricas específicas, vantagens práticas e é adotada estrategicamente por determinadas marcas ou categorias de veículos.
Neste artigo da PDKMotors, vamos explorar esses diferentes tipos de motores, destacando como eles moldam a experiência de condução, além de citar exemplos notáveis e o impacto real que essa engenharia tem no universo dos carros premium e superesportivos. Acompanhe!
A base da classificação: como os cilindros se posicionam
Em qualquer motor a combustão, os pistões se movem dentro de cilindros. A forma como esses cilindros estão dispostos em relação ao virabrequim é o que define a sua arquitetura.
Essa distribuição influencia diretamente fatores como:
- o equilíbrio do motor;
- o centro de gravidade do veículo;
- o espaço ocupado no cofre do motor;
- a suavidade de funcionamento;
- a complexidade mecânica;
- e até o som emitido.
A escolha por um motor em linha, V, W ou boxer é como uma declaração de intenções da montadora sobre o que aquele carro deve entregar ao condutor.
Motores em linha: tradição, eficiência e precisão
Também chamado de motor vertical, o motor em linha é um dos mais antigos da indústria automotiva.
Ele dispõe os cilindros em uma única fileira, geralmente vertical, e todos eles atuam sobre um único virabrequim em sequência. Essa configuração oferece simplicidade construtiva, ótimo aproveitamento de espaço longitudinal e manutenção mais acessível.
Historicamente, motores em linha dominaram os segmentos de entrada e intermediários, mas isso não significa limitação técnica. Muito pelo contrário: alguns dos motores mais refinados do mundo seguem essa arquitetura.
Engenharia e aplicação
Um motor em linha tende a ser mais longo do que largo, o que o torna ideal para cofre de motor estreito, como em carros com tração traseira e capô mais alongado.
Porém, motores com mais de quatro cilindros em linha podem apresentar problemas de vibração ou dificuldades de refrigeração, exigindo soluções sofisticadas de balanceamento e arrefecimento.
A BMW, por exemplo, é uma referência global em motores 6 cilindros em linha. O B58, que equipa versões esportivas do Série 3 e o Z4, é aclamado por seu equilíbrio entre suavidade, potência e som encorpado.
Modelos notáveis com motor em linha
- BMW M240i xDrive – Motor 3.0 I6 turbo (B58)
- Toyota Supra GR – Motor 3.0 I6 turbo
- Volvo XC60 T5 – Motor 4 cilindros em linha
- Porsche 944 – Motor 4 cilindros em linha, clássico dos anos 1980
Motores em V: equilíbrio entre potência e compacidade
A configuração em V resolve um problema clássico: como acomodar mais cilindros sem tornar o motor excessivamente longo.
Os cilindros são divididos em dois blocos, inclinados entre si (com ângulos variando de 60° a 90°, dependendo da aplicação), formando a letra V quando vistos de frente.
Isso reduz o comprimento do bloco e permite alocar motores mais potentes em espaços menores, o que explica sua ampla adoção em superesportivos, SUVs e sedãs de alta performance.
Sofisticação técnica
Motores em V geralmente exigem dois cabeçotes e duas bancadas de válvulas, o que aumenta a complexidade e o custo de fabricação. Porém, permitem maiores deslocamentos e uma entrega de torque mais bruta em rotações mais baixas, característica valorizada em motores V8, V10 e V12.
Além disso, o som inconfundível de um motor em V, seja um grave V8 americano ou um grito agudo de um V10 italiano, é parte da alma desses propulsores.
Modelos emblemáticos com motor em V
- Ferrari 812 Superfast – V12 aspirado de 6.5L
- Lamborghini Huracán – V10 5.2L aspirado
- Mercedes-AMG GT – V8 4.0L biturbo
- Cadillac CT5-V Blackwing – V8 6.2L com supercharger
Motores em W: potência máxima em formato compacto
A arquitetura W é relativamente recente. Desenvolvida pelo Grupo Volkswagen no final dos anos 1990, ela combina duas configurações em V compactadas em um bloco único, formando uma espécie de “duplo V”. Ou seja, três fileiras de cilindros sobre um mesmo virabrequim.
Seu maior benefício é a alta densidade de cilindros em um espaço reduzido, permitindo a criação de motores W12 ou W16 incrivelmente potentes em dimensões menores do que um V12 tradicional.
Complexidade elevada, desempenho absurdo
Motores em W são raros por uma razão simples: exigem engenharia de altíssimo nível. A refrigeração, lubrificação e balanceamento são desafiadores, e os custos de produção são astronômicos.
Não por acaso, essa arquitetura é reservada para poucos modelos extremamente exclusivos e limitados em produção.
Ícones com motor em W
- Bugatti Veyron / Chiron – W16 quadriturbo, mais de 1500 cv
- Bentley Continental GT – W12 biturbo (exceto os exemplares mais recentes)
- Audi A8 W12 – um dos poucos sedãs com essa motorização
Motores boxer: centro de gravidade baixo e estabilidade máxima
Na configuração boxer, os cilindros são dispostos horizontalmente e opostos entre si. Cada par de pistões se move de forma simultânea e contrária, como socos em um ringue. Daí o nome “boxer”.
Essa disposição reduz drasticamente a altura do motor, o que rebaixa o centro de gravidade do veículo. O resultado é maior estabilidade em curvas, melhor distribuição de massa e comportamento dinâmico mais esportivo.
Características marcantes
Motores boxer têm funcionamento suave, porém são largos e exigem mais espaço lateral. Isso os torna menos comuns em carros com tração dianteira. Por outro lado, são ideais para carros esportivos com motor traseiro ou central-traseiro.
Além disso, essa configuração favorece o uso de motores aspirados de alta rotação, exatamente o perfil que define boa parte dos Porsches clássicos.
Modelos lendários com motor boxer
- Porsche 911 (todas as gerações) – Boxer de 6 cilindros
- Porsche Cayman e Boxster – Boxer 4 e 6 cilindros
- Subaru WRX STI – Boxer turbo com tração integral
- Porsche 356 (1948) – o primeiro esportivo da marca, já com motor boxer
A escolha da arquitetura como assinatura de marca
Ao longo da história, cada montadora consagrou suas preferências. A Ferrari investiu pesadamente nos motores V12 como símbolo de grandiosidade. A Porsche eternizou o boxer como um manifesto técnico. A Bugatti, com o W16, foi além de qualquer paradigma. E a BMW segue refinando seus I6 como um hino à suavidade.
A arquitetura do motor, portanto, não é só técnica: é também identidade, legado, filosofia.
Conclusão
A distribuição dos cilindros é a espinha dorsal de um projeto automotivo. Vai muito além da potência ou do consumo: define o caráter do carro, sua condução, o espaço interno, o som, entre vários outros aspectos.
Motores em linha entregam simplicidade e eficiência. Os em V trazem brutalidade e som visceral. Os motores em W são exemplos extremos de engenharia, enquanto os boxers equilibram tudo com precisão e estabilidade.
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