Porsche 908/02 e sua história com a marca de cigarros Hollywood
Foto: Reprodução

É claro que a Hollywood, marca de cigarros em ascensão, não poderia deixar de também fazer história nas pistas, por isso, a Equipe Hollywood foi criada no início de 1970 como uma das mais bem estruturadas equipes de toda a história automobilística em nosso país.

O investimento trouxe resultados

Realizando um investimento significativo, digno de grandes corporações, a marca obteve seus primeiros resultados em pouco tempo, vencendo algumas das principais provas realizadas por aqui, como os 500 km de Interlagos. Assim como no caso das outras marcas, seu sucesso também serviu de combustível para o lançamento de diversas campanhas publicitárias que relacionavam o sucesso obtido no esporte ao consumo de cigarros Hollywood.

Com uma equipe muito bem servida de karts, motos, protótipos de endurance e tudo mais que fosse necessário para preservar os bons resultados, um dos seus destaques foi o lendário Maverick Berta Hollywood. Preparado por Oreste Berta, o modelo disputou a Divisão 3, categoria que permitia modificações significativas nos carros e motores, que podiam ter mais de três litros, mas antes disso, um outro carro tão marcante quanto ele fez parte da equipe Hollywood: o Porsche 908/02.

Pensado para vencer

Comprado por Luiz Pereira Bueno, Anisio Campos, José Carlos Pace e Walter Uchoa no fim de 1970 diretamente da Porsche, o 908/02 foi o escolhido pelos quatro que haviam acabado de formar a Equipe Z e buscavam por um carro competitivo para participar da temporada de 1971, que contava com diversas corridas importantes abertas a todo tipo de protótipo.

Inicialmente, o modelo competia com uma pintura verde e branca, que chamava bastante atenção para atrair patrocinadores, mas o contrato com a Hollywood em 1972 fez com que suas cores mudassem para vermelho, branco e azul, as mesmas do Maverick Berta.

Criado em 1968, o Porsche 908/02 foi pensado para cumprir o recém-modificado regulamento do Grupo 6, para protótipos com motor de até três litros. Seu motor, um flat-8, tinha arrefecimento a ar e duas válvulas por cilindro. Apesar de estar longe de ser um dos mais modernos para a época, esta configuração era bastante confiável e o modelo robusto era ideal para as corridas de longa duração. Com o 908, a Porsche competiu nas 24 Horas de Le Mans e Daytona, além de outras provas de endurance como os 1.000 km de Nürburgring.

O ano de 1969 trouxe ainda outras atualizações e com isso a Porsche precisou retirar o teto, além de boa parte da traseira do modelo, dando origem ao 908/02, também conhecido como Spyder, modelo escolhido pela Equipe Z.

Muito utilizado nas competições até o ano de 1981 — já com um flat-six turbo de 2,1 litros e mais de 500 cv - o modelo obteve seu reconhecimento após esta atualização de 69, quando teve início a sua sequência de bons resultados que começaram por uma vitória tripla em Brands Hatch, seguida por vitórias nos 1.000 Km de Monza, na Targa Florio e uma impressionante chegada nos 1.000 km de Nürburgring, com cinco 908 nas cinco primeiras posições. O modelo também atingiu a segunda colocação nas 24 horas de Le Mans de 1969, ficando atrás do Ford GT40 de Jack Ickx, pilotado por Hans Hermann.

Apesar de ter sido um dos modelos mais acessíveis da marca por suas especificações menos avançadas, ele foi responsável por levar a Equipe Hollywood (anterior Equipe Z) longe, mais especificamente para a Europa, na disputa dos 1000 km de Zeltweg de 1972. No grid que contava com nomes como Jacky Ickx e Brian Redman, Helmut Marko, José Carlos Pace, Ronnie Peterson, Arturo Merzario, Sandro Munari, Bueno e Catapani, o 908/02 estava presente na sétima posição.

Da posição de destaque ao esquecimento

Infelizmente após cerca de uma hora de prova o modelo sofreu um acidente em que foi atingido pela Ferrari 312P de Helmut Marko e José Carlos Pace, ficando assim fora da disputa. Apesar disso, o 908/02 com as cores da Hollywood ainda participou de diversas outras competições locais, incluindo os 500 km de Interlagos naquele mesmo ano, onde ocupou o segundo lugar do pódio. 

A partir de 1972, não houveram mais registros do modelo de chassi #021 e o que se sabe é que em 1973 a equipe já corria com o Maverick. Mais tarde, em 1975 a sua venda foi confirmada. Boatos dizem que isso se deu pelo alto custo para que ele continuasse correndo, mas há quem afirme que o sucesso da Divisão 3 com o Maverick garantia mais vendas à marca de cigarros, que decidiu descontinuar o uso do Porsche. 

No ano seguinte, a Hollywood optou por encerrar sua participação nas competições, continuando o patrocínio apenas a alguns pilotos e categorias até 1990. Quanto ao Porsche 908/02 #021, ele se tornou propriedade de um colecionador até 1997, quando Dener Pires, da Dener Motorsport, comprou o carro e decidiu restaurá-lo, em um processo que levou cerca de um ano, envolvendo a compra de diversas peças mecânicas de fora do país.

Ainda é possível encontrá-lo em eventos de carros históricos mundo afora, além de ter sido pilotado por Nelson Piquet em Interlagos, no ano de 2016. Você já conhecia este Porsche  que fez história no automobilismo pela Hollywood? Então compartilhe com um amigo que vai gostar de saber da relação entre as duas marcas!

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